Em entrevista a Roberto D'Ávila, a jurista, vice-presidente do Supremo Tribunal Federal e ex-presidente do TSE fala sobre a crise política no país.
A ministra Cármen Lúcia está há 10 anos no Supremo Tribunal Federal e
deverá ser a próxima presidente do STF. Como boa mineira, é ponderada, firme
nas suas convicções, e tem um olhar como juíza, sempre direcionado para uma
sociedade moderna e mais justa. Em entrevista a Roberto D’Avila para a
GloboNews, Cármen Lúcia falou sobre o respeito à Constituição, o processo de
impeachment contra a presidente Dilma, o significado de golpe, a divulgação de
conversas telefônicas grampeadas na Operação Lava-Jato, delação premiada, a
“enorme responsabilidade” de um juiz, e lembrou de momentos difíceis em
julgamentos no Supremo.
Defensora da liberdade de imprensa e de expressão, Cármen Lúcia ficou
famosa ao proferir a frase “cala a boca já morreu”, ao votar pela
impossibilidade de biografias serem previamente censuradas por qualquer
indivíduo ou autoridade, em junho do ano passado. “Tenho muita consciência de
que não existe democracia sem a liberdade de expressão e de uma imprensa livre.
Exageros devem ser contidos e existem em outras profissões”, defendeu a
ministra, que cursou a faculdade em tempos de ditadura.
Sobre a crise política, a jurista disse que “pode ser tudo no Brasil
atualmente, mas não há um caminho agora muito claro”: “O que nós temos efetivamente
é um processo crítico, cujos resultados e opções não estão claros ainda”.
Cármen Lúcia destacou que os juízes têm suas visões de mundo, mas não
têm liberdade para dizer o que querem e o que pensam: “A toga não é minha, a
toga é do Brasil. O Supremo não se acovarda por uma razão simples. Cumpre o
papel e o resultado está à mostra do povo. Tenho repetido sempre que o juiz
deixa em casa e tem que deixar toda a paixão no congelador, mas tem que levar
muita compaixão para os julgamentos”.
A ministra defendeu o respeito à Constituição e destacou que “a
corrupção leva a sofrimento uma sociedade inteira, porque as pessoas se sentem
agredidas, indignadas por esta circunstância”.
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